Resumo : |
As concessões no transporte aéreo têm sido recorrentes no Brasil, com a premissa de maximizar as operações e performance, trazendo melhorias e expansões de infraestrutura. Existem muitos estudos que focam na avaliação da eficiência operacional dos terminais, mas poucos avaliam os ganhos de eficiência durante o período de concessão e se essa mudança de gestão traz consequências ao meio ambiente. Ainda, são comuns estudos na literatura que abordam eficiência com variáveis que avaliam os benefícios privados, mas não os custos decorrentes da produção aeroportuária. O conceito de eficiência está relacionado a produzir o máximo com os recursos disponíveis, ao mesmo tempo em que o custo e o desperdício devem ser minimizados. Em geral, a eficiência é analisada de forma parcial, pois não se considera os custos sociais da produção. O objetivo desta pesquisa é propor a ampliação de paradigma da análise de eficiência, em que se deve avaliar os scores de forma global, com variáveis que podem beneficiar ou prejudicar o sistema. Ainda, verificar como os aeroportos brasileiros concessionados vem se comportando durante os anos, no viés operacional e ambiental. Neste estudo, tem-se cinco fases de análises, com a Análise Envoltória de Dados (DEA) aplicada de duas formas: primeiro em janela com variáveis de infraestrutura e de movimentação e nomeada de eficiência operacional, e, em seguida, com a inserção da variável de emissão de poluentes, conhecida como eficiência ambiental, para averiguar a performance dos aeroportos no decorrer dos anos. Para o uso das emissões de poluentes, utiliza-se os Métodos dos Componentes Principais (PCA) o qual proporciona um conjunto de dados em uma única variável. Em seguida, há uma comparação entre os resultados das eficiências operacional e ambiental. Por fim, é aplicado a Regressão Tobit, de forma a avaliar o comportamento dos scores de eficiência ambiental perante fatores externos. Com a metodologia escolhida, espera-se avaliar se a eficiência de terminais concedidos no Brasil pode ser afetada por efeitos indesejados. Sabe-se que, ao prever o aumento da demanda de tráfego, expansões de infraestrutura e consequente maximização de receita, objetos das concessões, pode ocorrer o crescimento da poluição do ar no entorno do aeroporto. Os resultados indicam que a maioria dos aeroportos possuem eficiência ambiental superior à operacional, o que indica que a relação das emissões dos poluentes com a movimentação de aeronaves está mais em concordância do que a relação entre movimentação de passageiros, aeronaves e cargas e com a infraestrutura. Ainda, a eficiência ambiental tende a reduzir quando há aumento das emissões de poluentes. Para 88,9% dos aeroportos da amostra, a eficiência ambiental aumentou entre os anos de 2016 e 2018, podendo ser reflexo da modernização da frota aérea e tecnologias nas operações dos aeroportos. Entretanto, para a regressão, a idade da frota de aeronaves não foi significante no modelo, devido possivelmente a extrapolação dos dados. Afinal, sabe-se que aviões mais modernos possuem tecnologia para consumir menos combustíveis e consequentemente liberar menos poluentes atmosféricos. |