| Resumo : |
A velocidade de cruzeiro é um aspecto importante na operação das companhias aéreas dado que pode ter papel relevante nos custos operacionais e no nível de serviço entregue aos passageiros. A velocidade está associada ao consumo de combustível e a emissões de gases pelas aeronaves, de tal forma que existe uma velocidade de cruzeiro econômica em função do peso da aeronave, e acima dela, velocidades maiores significam maior consumo. Por outro lado, em voos mais lentos, um tempo maior de viagem pode trazer desvantagens competitivas para as companhias, dada a preferência dos passageiros por tempos menores de viagem, comparando voos na mesma rota. O objetivo desta pesquisa é observar como as companhias aéreas exploram a velocidade das aeronaves como forma de reduzir custos ao mesmo tempo em que se preocupam com aspectos da qualidade do serviço prestado. Este estudo também testa o comportamento de uma companhia com características de Low Cost Carrier (LCC) em relação a este aspecto da operação. Testa-se se essa empresa prioriza a redução do consumo de combustível através do emprego de velocidades de cruzeiro menores e mais econômicas, ou se utiliza velocidades maiores para aumentar a utilização das aeronaves. Para isso, propõe-se um modelo econométrico sobre os determinantes da velocidade de voo, observando as velocidades de cruzeiro planejadas pelas companhias aéreas, conforme informadas nos planos de voos repetitivos, e a velocidade realizada através da proxy velocidade média. Consideram-se voos domésticos da aviação comercial brasileira. Como resultado, os dados não apontaram para alguma tendência no planejamento das velocidades de cruzeiro na medida em que os preços do combustível se alteram. No entanto, evidências foram encontradas de que as velocidades médias reais diminuem na medida em que os preços dos combustíveis aumentam. Os resultados detectaram que maiores congestionamento, movimentação dos aeroportos e atrasos na saída tem efeito de reduzir as velocidades médias, no entanto, sem influência sobre o planejamento das velocidades de cruzeiro. Os resultados também indicaram que as companhias planejam velocidades menores em rotas envolvendo aeroportos com maior proporção de passageiros em conexão, possivelmente devido à prática de formar um buffer no tempo agendado de voo para absorver possíveis atrasos e reduzir o impacto para os passageiros. Por fim, em relação à companhia analisada como LCC, encontram-se evidências de que esta prioriza velocidades maiores de voo na fase de planejamento, favorecendo uma maior utilização das aeronaves. No entanto, as velocidades médias não diferem das demais companhias operando em outros modelos de negócio. Entre as implicações deste estudo, destaca-se a possibilidade de as companhias aéreas utilizarem o planejamento de velocidades de cruzeiro mais econômicas para conseguir reduções de consumo de combustível. |