| Resumo : |
Após anos da desregulamentação do transporte aéreo no Brasil, o volume de passageiros transportados na aviação comercial cresceu sobremaneira, inclusive em taxas superiores aquelas da economia brasileira e do próprio transporte aéreo em outros países. Concomitantemente, observou-se a melhora das condições macroeconômicas da economia brasileira e de qualidade de vida da população, sustentada por políticas públicas que permitiram o incremento da renda per capita e uma redução, ainda que pequena, na distribuição da renda. Desse modo, milhões de brasileiros puderam ascender socialmente e fazer parte do que se chamou à época de "nova classe média", expandindo suas cestas de consumo a novos bens e serviços, inclusive transporte aéreo. Propõe-se, então, uma análise econométrica para estudar os efeitos de indicadores não tradicionais sobre a demanda por transporte aéreo no Brasil em períodos de crise, considerando o período de recessão econômica de 2014 a 2016. O modelo empírico estima os efeitos da inclusão social, financeira e digital por meio do uso do estimador de pós-dupla seleção por regressão LASSO com variáveis instrumentais (IV-LASSO) para seleção de controles de alta dimensão e instrumentos, identificando a relação endógena entre demanda e preço das passagens e corrigindo erros padrões robustos para heteroscedasticidade e autocorrelação dos resíduos. Os resultados sugerem que as inclusões social e digital têm poder explicativo estatisticamente significativo sobre a variável dependente, indicando que ambas podem induzir viagens aéreas. Por outro lado, apresentam-se evidências moderadas para o efeito das variáveis de inclusão financeira, com a taxa de inadimplência dos consumidores afetando negativamente a demanda por transporte aéreo. Discutem-se as implicações teóricas e práticas dos resultados obtidos, com base nas quais projeta-se o futuro da aviação no período pós-pandemia da Covid-19. |