| Resumo : |
O desenvolvimento de pesquisas abordando os impactos das mudanças climáticas globais nas respostas hidrológicas das bacias hidrográficas é elemento fundamental para o processo de adaptação e gerenciamento integrado de recursos hídricos. A integração de modelos climáticos e hidrológicos possibilita a análise desses impactos na resposta hidrológica das bacias a montante dos reservatórios que compõem os sistemas de abastecimento de água em regiões metropolitanas. Consequentemente, a formulação de políticas de adaptação e o planejamento de longo prazo desses sistemas podem ser atualizados com base em projeções climáticas. Com esse objetivo, esta pesquisa desenvolve uma metodologia multimodelos aplicada ao gerenciamento integrado dos sistemas de abastecimento, considerando como unidade de análise, a disponibilidade hídrica desses sistemas sob mudanças climáticas. Nesse contexto, é estabelecido um ambiente sistêmico e estruturado para a análise das componentes envolvidas na dinâmica desses sistemas hídricos, as componentes hidrológicas e socioeconômicas desses sistemas. Ante o exposto, as mudanças nos padrões das respostas hidrológicas são obtidas com a integração das projeções climáticas de precipitação e evapotranspiração, ao modelo hidrológico PDM (Probability Distributed Model). A Dinâmica de Sistemas é adotada para o desenvolvimento de um modelo de reservatório, utilizado para analisar a disponibilidade hídrica dos sistemas associada às políticas de adaptação, considerando as respostas hidrológicas obtidas no modelo hidrológico PDM, os requisitos para controle de vazão a jusante do reservatório e a demanda urbana de água. Na articulação do problema é incluída uma estrutura de sistemas socioecológicos ao ambiente de modelagem, para a análise sistêmica dos ciclos de retroalimentação dominantes na operação dos reservatórios, integrando as relações de causalidade entre as componentes do sistema. Esta metodologia é aplicada ao Sistema Cantareira, que pode fornecer água para quase metade da população da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP). As projeções climáticas são fornecidas pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), derivadas do modelo climático regional Eta aninhado aos modelos globais HadGEM2-ES e Miroc5, para os cenários climáticos (RCP-4.5 e RCP-8.5) do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC, na sigla em inglês). Os resultados sugerem que a metodologia configura um meio prático para análises robustas da disponibilidade hídrica dos sistemas de abastecimento nas regiões metropolitanas, possibilitando a atualização dinâmica das políticas de adaptação às mudanças climáticas, para a operação de reservatórios e o planejamento de longo prazo. Como implicações práticas, o processo de atualização desses elementos permite incorporar as preocupações das partes interessadas (agências reguladoras, operadoras dos sistemas, usuários e comitês de bacias) ao gerenciamento integrado dos sistemas, contribuindo na resiliência hídrica em períodos de extremos climáticos. |