| Resumo : |
Os períodos de elevado preço do combustível fizeram ressurgir o interesse por turboélices e motivaram o desenvolvimento de novos jatos, com tecnologias que possibilitem uma maior economia no consumo de combustível. A literatura internacional indica que turboélices são mais econômicos que jatos regionais quando se comparam custos operacionais (manutenção, salários de pilotos, combustível e tarifas de pouso e de navegação) por assento por unidade de distância e que os jatos sempre apresentam custos superiores aos turboélices para voos de até 1852 km. Os estudos encontrados na literatura, entretanto, não consideravam jatos e turboélices de mesma capacidade. RYERSON e HANSEN (2010), por exemplo, compararam os custos de jatos com 50 assentos e de turboélices com 70 assentos. Existe, portanto, uma lacuna na literatura: a comparação de custos operacionais entre turboélices e jatos de capacidade similar de assentos e equipados com tecnologias mais modernas. Ademais, ao invés de comparar custos por assento, este trabalho analisa os custos operacionais por viagem para medir a atratividade econômica de quatro aeronaves com forte inserção no mercado, os turboélices Q400 e ATR72 e os jatos E170 e CRJ700. A partir de dados de fontes públicas de informação, os custos operacionais de cada aeronave são calculados empregando a função de Leontief e então confrontados frente às variações do preço de combustível e do comprimento da etapa de voo. Descobriu-se que os jatos possuem menores custos por viagem associados à manutenção enquanto os custos com pilotos são similares aos dos turboélices que, por sua vez, apresentam vantagem nos quesitos consumo de combustível e taxas de pouso e de navegação. De forma consolidada, os jatos apresentam custo operacional por viagem superior aos turboélices em toda a faixa de comprimento de etapa analisada. Quando se verificou a influência do preço do combustível nos custos operacionais, concluiu-se que quanto menor o preço do combustível e quanto maior o tamanho da etapa, menor é a diferença entre custo operacional de jatos e turboélices. Contudo, não há combinação em que os turboélices apresentem maior custo por viagem que os jatos. A utilização dos turboélices seria limitada por outros fatores não considerados neste estudo como restrições operacionais, desejo por maior frequência de voos num mesmo período de tempo e possível concorrência na rota operada. Ou seja, não foi averiguada a influência do tempo de viagem no custo total de operação das aeronaves. |